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Aqui pretende-se dar a conhecer o que de bom (e de menos bom) temos em Alcobaça.este blog é apenas a sequência do antigo blog "comentar a nossa terra".
Surge na sequência de um ataque informático encomendado por "um amigo" que não gostou da apreciação que dele aqui se fazia.
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

EDP PODE SER RESPONSÁVEL POR MAIS UMA CRISE NAS EMPRESAS


Desde há 20 anos que a população da zona compreendida entre Porto de Mós e Alcobaça tem sido vítima da falta de zelo e de responsabilização, por parte da EDP, de sucessivas quebras e alterações de energia eléctrica.
Para além das queixas de muitos particulares, juntas de freguesia e empresas vêm-se queixando e alertando para este problema. A resposta da EDP é sempre de desresponsabilização. Já por 2 vezes referimos as consequências que isso teve para as juntas de Prazeres e S. Vicente. Desta vez, fomos ouvir 2 das maiores empresas cerâmicas de Aljubarrota e responsáveis por centenas de postos de trabalho: ARFAI/IGM e FARIA E BENTO
LD -  Há muitos anos que a freguesia de Prazeres vem a ser afectada com constantes interrupções de fornecimento de energia eléctrica, em que medida é que isso tem afectado a sua empresa?
IGM - Afecta muito porque estas quebras dão-se, em especial, no inicio de cada inverno, época em que temos mais encomendas. Há muita mercadoria que, com as sucessivas alterações de corrente eléctrica, não têm qualquer aproveitamento e , nós trabalhamos com prazos de entrega muito rígidos .
No nosso ramo, esta altura é muito importante pois, andamos muitos meses com pouco trabalho e, nesta altura, entre Setembro e Dezembro, é a nossa época alta
LD -   Já fez participação destas ocorrências à EDP? Que tipo de respostas têm obtido?
IGM - Isto arrasta-se há, pelo menos 2 décadas e são diversas as reclamações que temos feito. Nós fazemos relatórios das quebras de energia. Os nossos advogados enviaram esses relatórios e fotos de peças danificadas, guardamos as peças para que a EDP pudesse confirmar e nunca tivemos uma resposta a todos os apelos e reclamações
LD -   tem conhecimento de mais pessoas e/ou empresas afectadas por esta situação?
IGM - Sim, se quiserem comprovar o que se passa em toda esta zona, qualquer pessoa tem razões de queixa
LD -  As empresas cerâmicas têm feito um enorme esforço para conseguirem manter-se em actividade, esta questão pode levar a mais dificuldades?
IGM - Muitas dificuldades. Temos feito tudo para manter postos de trabalho e a qualidade dos produtos mas somos confrontados com estas situações que só nos trazem prejuízos, já para não falar do aumento do gás e da electricidade…
LD -  Quantas pessoas dependem desta fábrica para viver?
IGM - Directamente, neste momento são 40 mas há que ter em conta os postos de trabalho indirectos
LD -   Se subsistirem estas interrupções consecutivas de energia, estes postos de trabalho podem estar em causa?
IGM - A aposta parece ser a de acabarem com as PME’s e, no nosso Distrito isso pode ser um problema gravíssimo pois parte das empresas estão nesta classe. A população está connosco pois sabe que não se pode correr o risco de mais fábricas fecharem.
LD -   disse, na sua entrevista `TVI que as encomendas de Natal para o estrangeiro podem estar em risco de não serem entregues. Isso não vai prejudicar a imagem da sua empresa?
IGM - A nossa imagem e a tesouraria. O dinheiro destas encomendas é o que permite manter a tesouraria saudável até ao fim do ano e que ajuda a equilibrar nos meses de época baixa.
LD -   qual a percentagem da sua produção que é dirigida à exportação?
IGM - 99% e, aqui, há que realçar o seguinte: A indústria cerâmica utiliza toda a matéria-prima nacional, ou seja, não saem divisas do país nas compras mas, entram divisas quando exportamos. O governo, embora diga que aposta e depende das exportações, não nos dá importância.
LD - Foram já anunciados aumentos de 15% na factura da Edp para as empresas. Olhando para os prejuízos que a EDP lhe tem vindo a causar, qual o seu comentário sobre este aumento?
IGM - Numa crise nacional e até mesmo europeia, isto é absurdo, pois não estimula nem incentiva a produção. Dever-se-iam criar condições que nos permitissem produzir mais para exportar mais e se criarem mais postos de trabalho
LD - No seu entender, qual seria a solução a adoptar, por parte da EDP, para resolver o problema?
IGM - Reforçar a rede que tem mais de 20 anos. Desde lá até agora, vão havendo mais construções e mais empresas e a rede mantem-se igual. Nós precisamos de condições para trabalhar e produzir com qualidade.
LD – Já colocou a hipótese de,  se a situação se mantiver, pedir uma indemnização à empresa fornecedora destes serviços?
IGM - Os nossos advogados já tentaram acordos, já deram, em tempos, entradas de processos mas a EDP nunca quis saber. Em tantos anos e com tantas reclamações nunca se deram ao trabalho de responder. Quase por milagre, e não será, decerto, por coincidência, que depois de ter falado à comunicação social já tenha recebido dois telefonemas dessa empresa e já esteja agendada uma visita à nossa empresa.
LD -   Faça  mais um apelo à Edp para resolver a questão
IGM - Resolvam o nosso problema, nós precisamos de ter condições para trabalhar e manter os postos de trabalho que dependem de nós
Falámos, depois, com o responsável pelas empresas Faria e Bento (Alcobaça) e Icap (Porto de Mós) que, para além de ter reforçado todas as palavras da Arfai, ainda acrescentou mais pormenores:
O problema já se arranca há mais de uma década. Aqui, na Faria e Bento, fomos forçados a adquirir um gerador para colmatar as deficiências do fornecimento de energia mas, pior do que as peças que se estragam são as máquinas que, devido às sucessivas alterações de energia, se estragam. São motores que rebentam, lâmpadas correntemente a terem de ser substituídas, enfim…”
E continua: “As descargas lá em cima na ICAP já me deram imenso prejuízo . Queimou tudo e até o PT tive de mandar substituir. A nossa empresa utiliza toda a matéria-prima e mão de obra nacionais. O produto acabado desta empresa é em 98% para exportação. O que se ouve na comunicação social sobre as ajudas, empréstimos e incentivos aos exportadores não passa de mais uma mentira da lista de sucessivas mentiras em que temos andado a viver nos últimos anos. Estão a tentar eliminar as pequenas e médias empresas…as poucas que ainda conseguem estar a produzir. Esquecem-se que são os poucos trabalhadores ainda em actividade que pagam o desemprego. Que será de nós quando mais empresas fecharem?”
E Acrescenta: “ Como é que empresas se aguentam ( com encomendas em carteira até ao fim do ano e  em que já foram dados valores aos clientes )quando, sem aviso prévio, em Julho vêem alterados os valores na factura do gás? A indústria cerâmica, nos seus diversos ramos, é a maior consumidora de gás deste país. Já estive optimista sobre o futuro da cerâmica mas hoje…..”

Lúcia Duarte in Jornal O Alcoa

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