Aljubarrota é, por excelência, um grande contributo para a nossa história. Outrora sede de Concelho, hoje divide-se em duas freguesias: Prazeres e S. Vicente.
Nesta edição coube a Amilcar Raimundo, Presidente da Junta de S. Vicente, dar o seu contributo para conhecer melhor as terras de D. Nuno e da Padeira
LD - Como era S. Vicente, a nível turístico, urbanístico e cultural, quando tomou posse como Presidente de Junta?
AR – Eu quando tomei posse como presidente de Junta foi há 12 anos mas tive um trabalho de preparação de outros 12 como secretário da Junta e, portanto tive de preparar o terreno todo para, depois, entrar como presidente de Junta mas, não como anfitrião porque, nestas coisas não há anfitriões. Há pessoas boas, pessoas má…. Eu como sou uma pessoa assim---- -assim, preparei o trabalho mas é um trabalho longo, difícil e que ainda não está concluído… e, nem sequer está ainda a 50%. O trabalho não depende só da Junta, depende de toda a estrutura politica, económica, financeira…Tudo depende dessas situações!
E, de maneira que, a pouco e pouco, vamos indo com o apoio da Câmara, de algumas entidades, de terceiros, da população… Temos de ter em conta que é a parte principal!
Quando estou a falar nisto, estou a falar do turismo, pois se não houver colaboração da parte dela, não pode ser só as juntas e as Câmaras a dinamizar as coisas, há que contar com a colaboração das pessoas.
LD - Como era S. Vicente há 12 anos?
AR – S. Vicente, há 12 anos, é tal e qual como é agora porque veio um senhor chamado Miguel Guerra que, com o PDM, congestionou toda esta estrutura da urbanização. Foi um PDM feito à pressa e em cima do joelho, As freguesias de Aljubarrota são das mais penalizadas, e está tudo limitado na construção – os jovens querem construir nos terrenos que herdaram e não têm hipótese nenhuma, de maneira que, desde lá até aqui, andamos nesta luta terrível. É uma questão de fazer a remodelação e rectificação do PDM mas temos a promessa do Presidente Paulo Inácio de que, em Junho isto vai à praça pública. É preciso muito esforço e muita tarimba para se conseguir isto. E as pessoas são vítimas desta situação!
Eu concordo que, em algumas situações haja algumas restrições em termos de construções: é inadmissível que se faça uma casa isolada, em determinado sitio, a seu belo prazer, e que , depois, caia tudo em cima da Junta e da Câmara para fazer as infra-estruturas. Tem acontecido, ramais, alcatroamentos, edp e telecomunicações de 200m e depois, investe-se muito dinheiro em prol de uma pessoa só. As coisas têm de ser rectificadas mas de uma forma controlada.
LD – suponho que considera Aljubarrota um potencial pólo turístico do Concelho… quais os pontos que acentuaria e o que recomendaria? O que é que temos em S. Vicente que possa contribuir para o pólo turístico e o seu incremento?
AR – Analisando a freguesia toda num todo, temos muitas coisas que, de facto, merecem fazer parte integrante do roteiro turístico. E vou nomear algumas: temos a Ribeira do vale do Mogo onde, em algumas partes, o homem ainda não entrou e em que a natureza estará, ainda, tal como surgiu – é um espectáculo! – quem gostar da natureza, do ambiente rural e de de integrar, ali há uma natureza que se vê que ainda não foi mexida!
Independentemente de estas obras do IC9 estarem a prejudicar, de certo modo, algumas destas coisas…. Mas, no fim dela estar feita há-de minimizar-se estes impactos.
Por outro lado, temos o património religioso, que é um património ex-libris da Freguesia: S. João (capela antiquíssima), capela das Senhora das Areias e estamos a falar de património que remonta a 1500/1600, capela de Casais de Santa Teresa, Ataija de Cima e de Baixo….Tudo podia fazer parte do roteiro turístico de Alcobaça porque. É rara a freguesia que, em cada localidade, tenha uma capela.
Todos os eventos e todas as festividades se fazem à volta destes monumentos religiosos e históricos.
LD – A sua população é muito dada a apoiar a Junta de Freguesia quando se pensa em realizar uma obra?
AR – Quando se começa uma obra e se precisa do apoio da população, a Junta propõe a ideia e as pessoas colaboram da forma que podem. E estamos a falar em alguns particulares. Quero realçar o Sr Luis da Graça, que tem sido um benemérito para a Junta de Freguesia. É formidável em tudo: apoio de máquinas, abertura de caminhos. Por exemplo, na Ataija, os espaços urbanos requalificados. Se não fosse ele, grande parte disto não teria sido possível. Nós fizemos o que pudemos: uma homenagem a este benemérito , sempre pretável e colaborante – tem sido uma mais-valia para a Freguesia! E como ele há outros…
LD – Considera que os cortes impostos pelo governo central podem limitar o crescimento da freguesia? Em quê?
AR – O FEF vai ser reduzido. Além disso, também a CMA vai receber menos dinheiro…isto implica menos obras. Todos sofremos com esta situação! A CMA tem o seu plano para aprovar mas deve estar um bocado congestionado mas deve ser limitado, devido à crise e à situação económica.
LD – Vai acontecer o mesmo com o orçamento da Junta de S. Vicente?
AR – Claro, como é evidente!
LD – A freguesia já encontrou soluções para fazer face a estes cortes?
AR – A freguesia não tem recursos nem meios para fazer face a esses cortes. Mas, de qualquer modo, estamos numa contenção absoluta reduzindo aos mínimos as despesas mensais. Só assim conseguimos controlar as poucas receitas que temos.
LD – Mudando de assunto, a Medieval de Aljubarrota, este ano não foi um sucesso, não vou perguntar porquê, vou perguntar em que medida é que o Presidente da Junta de S. Vicente, sendo parte integrante de um evento onde deveria mobilizar a população, pode influenciar (junto da CMA), para que isto volte a ser “ a Feira Medieval de Aljubarrota”?
AR – Esse é um assunto muito complexo! A cma organiza, promove e contribui. É evidente que as 2 Juntas fazem parte integral desta conjuntura. De facto, este ano, não correu bem nem correu mal mas correu assim-assim, porque as pessoas também estão sempre à espera do apoio total da Junta e da própria Câmara. O que acontece é que, as partes integrantes nestas organizações também têm de se mobilizar um bocadinho…
LD – E essas pessoas são chamadas?
AR – Essas pessoas não foram chamadas mas têm de ser chamadas e tem de lhes ser dito isto! Se houver um bocadinho de colaboração de todos . reconheço que a animação falhou a 100%! Não foi organizada para corresponder a todas as partes. Se hovesse mais 2 ou 3 grupos, as coisas colmatavam-se… como aconteceu há 2 ou 3 anos!
LD – todas as localidades das 2 freguesias têm capacidade para produzir animação cultural. Porque é que, até hoje, nunca nenhuma das colectividades foi chamada para contribuir nesse aspecto?
AR – Nunca foram incentivadas para isso e não houve uma iniciativa da nossa parte em pressionar a própria a CMA a fazê-lo.
LD – Vamos mudar isso em 2011?
AR - Vamos entrar numa nova fase. Está falado… está controlado.
LD – Uma das criticas que mais ouvi foi que, numa altura em que a feira deixa de ser franca, ou seja, se começa a pagar, é exactamente na altura em que a feira medieval falha. As Juntas beneficiaram com este pagamento?
AR – Nada. Isso foi para a organização! Agora começo a defender o pagamento de um valor simbólico na feira, evidentemente para as pessoas que vêm de fora…
LD – Ou seja, defende o pagamento desde que as estruturas sejam implantadas…
AR – evidentemente…
AD – Se lhe pedisse para vender turística e culturalmente Aljubarrota, que slogan utilizaria?
AR - “Aqui se afirmou Portugal”
(in Jornal O Alcoa)