Lá para aqueles lados, na ilha de Samos, na Grécia, havia um menino chamado Zézinho. Sua tarefa diária era levar a ovelhada para pastar e, à noitinha, recolher e guiar o rebanho para o morro. Ali, o menino juntava-se a outros pastores e descansavam.
Dia após dia... tudo se repetia. As ovelhas, o cão, os pastores. Tudo igual, tudo igual. Que monotonia!
Num certo dia, o menino repentinamente gritou:
____ Looooooobo! Loooooooooobo!
Todos largaram seus afazeres e armados de paus correram em direção aos gritos do menino. O cão que guardava as ovelhas num sobressalto agitou-se e rosnou. As ovelhas baliram desesperadamente.
Os homens perguntaram ao menino:
___ Onde está ele? É feroz? Está faminto?
Pedro, perspicaz, respondeu:
___ Era muito grande, enorme! Amarelo-amarronzado! Eu o despistei! Eu o afugentei!
Todos, muito agradecidos, saudaram o pastorzinho.
Mas no dia seguinte... As nuvens continuavam passeando calmamente, as ovelhas mastigando, o cachorro ressonando ao sol, as poucas pessoas do vilarejo caminhando lentamente de cá para lá, de lá para cá...
____ Looooooobo! ___ o menino gritou bem alto.
A ovelhada baliu, o ovelheiro latiu, o povo todo subiu o morro, munido de pedaços de paus.
____ Cadê ele? Cadê? ____ Olharam ao redor e nada viram. Homens e mulheres voltaram aos seus afazeres, desconfiados e pensativos.
Após alguns dias, o menino resolveu divertir-se novamente. Gritou com todas as letras e bem mais alto:
____ Loooooooooooooooooooobo! Loooooooooooobo!
As ovelhas continuaram mastigando, as nuvens passeando calmamente, o cão ressonou em sonhos tranqüilos. Ninguém se moveu.
De repente, com um movimento brusco, o cachorro rosnou, seus pelos arrepiaram-se e as orelhas ficaram em pé. As ovelhas, amedrontadas, agitaram-se e tentaram se agrupar.
O menino viu um grande e ameaçador lobo amarelo-amarronzado. O lobo se aproximou, chegou mais perto, mais perto e o menino gritando:
____ Lobo! Lobo! Socorro! Lo...
Nada aconteceu. Ninguém apareceu. O menino correu para cima de uma árvore, o cachorro fugiu e as ovelhas... as ovelhas viraram alimento de lobo.
No dia seguinte, não havia ovelha para contar a história, só o menino que lá de cima da árvore soluçava:
___ Nunca mais vou gritar lobo! Nunca mais!
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