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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Vale da ribeira do Mogo - uma das 6 belezas alcobacenses escolhidas

Com a devida autorização do meu amigo Jero e com uma noção que ambos temos de que divulgar por muitos algo que pode beneficiar o nosso concelho, aqui fica um trabalho do Dr Maduro sobre o Vale da Ribeira do Mogo:

O Vale da Ribeira do Mogo

Mais uma das candidaturas de Alcobaça às 7 Maravilhas Naturais de Portugal

O Vale da Ribeira do Mogo afunilado e sinuoso revela a graça das formações calcárias e de uma natureza vegetal que com elas se consocia. Este vale aprazível relativamente intocado é visitável a partir das localidades de Chiqueda ou do Carvalhal de Aljubarrota.

As vertentes e o corpo do vale enfeitam-se de alguns carvalhos, zambujeiros, pinheiros mansos e silvestres. O medronheiro e o carrasco dominam nos altos e nas ribanceiras revelando a depreciação da antiga mata de carvalhos tão dizimada pelas artes e labores dos homens (derrotes para construções e lenhas, corte de matos para as terras e pastorícia, o que tanto facilitou e potenciou a erosão). Nas terras férteis do vale ou em socalcos rasgados e sustentados por muros de pedra insonsa o homem chanta oliveiras e semeia cereais e leguminosas.

A ocupação humana do vale conduz-nos à pré-história. Foi nesta área que Manuel Vieira Natividade, em finais do século XIX, realizou várias campanhas arqueológicas, nomeadamente nas três grutas das Calatras, levantando um espólio lítico e cerâmico significativo do período neolítico que se encontra até hoje à espera de conhecer a luz do dia.

Cister também se interessou por este espaço. Junto à nascente do Alcoa e em plena Granja de Chiqueda (baptizada significativamente de Jardim), os “monges agrónomos” edificaram um complexo industrial com moinho de rodízio de quatro pedras e um lagar de azeite com seis varas, três caldeiras e engenho hidráulico. Um pouco a montante, nas imediações do Poço Suão, foi levantado, na década de trinta do século XVIII, um grande forno de cal que custou ao Mosteiro mais de 80.000 réis, cuja cal parda era utilizada como argamassa para dar solidez às edificações monásticas. Realce-se ainda o reservatório conhecido por mãe-de-água que por um prodígio de engenharia hidráulica abastecia de água potável o Mosteiro.

A espiritualidade não está arredada deste espaço. O Poço Suão, boca de uma eventual teia de algares e sumidouros que troando jorra abruptamente água nos Invernos mais rigorosos alagando o vale, testemunha a oferta cíclica do ramo da espiga que bem pode ser interpretada como uma súplica aos elementos maternos (terra e água) para que assistam a frutificação.

Por toda esta sorte de enunciados o Vale da Ribeira do Mogo merece ser conhecido e protegido. Na esteira de Carlos Mendonça que tanto se tem batido para qualificar este vale e dotá-lo de um centro de interpretação podemos afirmar o seu espaço como uma maravilha.

António Valério Maduro

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