Caros Munícipes,
Dirijo-me a vós com a convicção de que tomei a decisão correcta ao demitir-me das funções de Vereadora da Câmara Municipal de Alcobaça, com os pelouros da Cultura, Acção Social, Educação, Turismo, Juventude, Associativismo e Trânsito.
Só os eleitores terão o direito de julgar os meus actos e as decisões que tomei durante os últimos 4 anos, ao serviço dos Munícipes, com as funções que me foram atribuídas na Câmara Municipal de Alcobaça.
Durante os últimos 4 anos agi sempre com honestidade, seriedade, lealdade e em plena consciência dos meus actos, sendo certo que, ao final do primeiro mês em funções, decidi colocar o meu lugar à disposição do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, por não me sentir apoiada, nem com a força necessária para exercer as funções que me eram confiadas. Fui demovida de tais intenções com a promessa de apoio e trabalho em equipa em prol do Concelho.
Nunca foi minha intenção o protagonismo pelo protagonismo, nem quando ele se justificava em actos ou decisões que tomei, ou simplesmente porque o poderia ter assumido. No entanto, também vos posso assegurar que muitas vezes fui esvaziada de funções superiormente, apenas pela sede de protagonismo de outros, que desbarataram recursos preciosos em tempos tão difíceis, e que mais-valias nenhumas trouxeram ao concelho. Não foram poucas as vezes que vi negada a comunicação dos meus projectos, bem como o desdenhar simples de outros projectos em curso.
Demito-me porque nunca, em 4 anos, a confiança foi tão abalada como agora, não porque simplesmente não fui considerada para poder defender o meu lugar e consequente trabalho realizado nos pelouros que me foram atribuídos, perante os eleitores, nas próximas eleições, mas sim pelas razões que me apontaram e pela falta de consideração pela minha seriedade e honestidade enquanto pessoa. Parto antes de terminar o mandato por pura coerência, por não conseguir estar num lugar com pessoas que não confiam em mim e em quem deixei de confiar, apenas para poder usufruir de mais dois meses de salário ou de qualquer outra contrapartida. Parto com a convicção de que deixo um concelho culturalmente mais justo, com acesso à cultura para todos, independentemente do que cada indivíduo considera cultura. Dei liberdade aos vários agentes culturais de diferentes estratos ou camadas sociais para actuarem livremente, e de os apoiar quando achei necessário. Deixei também a introdução de eventos bandeira, como é o caso do evento da tenda de Carnaval “Folia e Algazarra”, “Semana da Juventude” e “Sons do Baça”. Parto com a convicção de que deixo ferramentas importantes ao apoio social no concelho, melhores condições para a educação e trabalho feito noutras áreas que dirigi. Dou-vos conhecimento de alguns projectos que estão em marcha, tais como a estrutura e cobertura de novo palco para uso exclusivo de espectáculos de folclore e dança (10mx10m), palco cujo piso foi gentilmente oferecido pela empresa Balbino e Faustino, a quem deixo o meu sincero agradecimento, Câmara Municipal Inclusiva (através da aquisição e disponibilização de equipamento que permita a todos os cidadãos o acesso aos serviços públicos e toda a comunicação municipal traduzida em “Braille”), Abertura do Gabinete da Cruz Vermelha, Introdução de Desporto Adaptado (em colaboração com o Sr. Vereador do Pelouro do Desporto), e muitos outros que considero importantes e não caberiam nesta carta.
Resta-me agradecer, em primeiro lugar ao meu marido e a toda a minha família, que sempre me soube apoiar incondicionalmente, aos Verdadeiros amigos e colegas, ao Sr. Vereador José Vinagre em especial, porque o considero um exemplo de que é possível estar e fazer política com seriedade e honestidade, aos elementos da Assembleia Municipal, a todos os colaboradores da Câmara e dos Serviços Municipalizados com quem trabalhei ao longo destes anos, porque foram inexcedíveis, aos Grupos de Folclore do Concelho porque provaram ser possível trabalhar em prol de uma causa e apenas por amor à camisola, às Associações, às IPSS, às Escolas e aos Agrupamentos Escolares, a todas as Entidades Públicas ou Privadas que patrocinaram, apoiaram e foram parceiros, bem como aos particulares que, sem esperar nada em troca, me encorajaram e de alguma forma apoiaram, declarada ou anonimamente.
Parto pois, com a tranquilidade que a minha sã consciência me exige, estarei sempre à disposição do meu partido, por uma questão de lealdade, mas nunca à disposição de um conjunto de interesses ou pessoas.
A minha dignidade e seriedade não têm preço!
Muito obrigado a todos e bem-haja.
Mónica Cláudia Costa Baptista
Alcobaça, 31 de Julho de 2013